terça-feira, 19 de julho de 2011

Para sempre é muito, muito tempo.

A cada dia que passa tenho descoberto que tudo o que parece é, que tudo o que nos toca nos fere e que tudo o que sempre apoiamos, num dia ou outro, nos vais deixar a sós na companhia da solidão.
Não sou a Super-Mulher, nem o quero ser. Não quero ter que parecer sempre forte e que suporto uma e outra vez mais a mesma dor. Não quero que ele pense, uma e outra vez mais, que eu “sobrevivo sozinha”, que o apoio dele tem que ser repartido por mil e uma pessoas  e que o que sobra, uma e outra vez mais, será o meu apoio final. O maior de todos os pecados foi o arrependimento. Arrependimento ao deixar o Meu Mundo para trás, ao deixar uma parte de mim para quem se preocupou comigo apenas no tempo que lhe restava.


Hoje aprendi que os Homens não têm apenas medo de ficarem sozinhos, têm vergonha disso.
Hoje percebi que os Homens de grandes palavras e grandes conversas são aqueles que têm minúsculos actos e minúsculas acções.
Hoje reconheci que perdoar quem nos ataca pelas costas é dar uma outra hipótese apenas ao pecado.
Hoje aprendi que um Homem quando trai a sua Mulher não quer dizer com isso que a tenha deixado de amar, mas o mais importante, a tenha deixado de desejar.
Hoje percebi que fortes mesmos são as noites em que as promessas Dele nada significou em fracos dias como agora.
Hoje reconheci que por vezes, perder é sinónimo de ganhar. Perder um amor, perder uma traição, perder um carinho, perder um suposto Homem, por vezes, é sinónimo de ganhar, de procurar, de desejar uma Nova Vida.

Desejo: A minha vida de à 19 meses e 14 dias.
Desejo-te: A tua vida de à 19 meses e 14 dias.

Ao Super-Homem, que nunca irás ser.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.




Saudade é o momento em que tentamos fugir da lembrança para que tudo aconteça desde o princípio e não conseguimos.
Angústia é um nó muito apertado mesmo no meio do sossego, no meio da paz de cada um de nós.
Preocupação é uma espécie de cola que fica em nós e que não deixa o que ainda não conseguiu sair do nosso pensamento e da nossa apreensão.
Indecisão é quando sabemos muito bem o que queremos mas achamos que devemos querer outra coisa e duvidamos de tudo o que queremos e temos.
Intuição é quando o nosso coração dá um saltinho ao futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando em nós passa o trailer de um filme que até pode ser que nem exista.
Vergonha é um pano preto que todos desejam para se cobrirem naquela hora de apreensão connosco mesmos e com o mundo.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final de cada sentimento, sincero ou conveniente .
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Tristeza é uma mão gigante que aperta o nosso coração sem algum pudor.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma, que nos acalma a paz e acelera a respiração.
Culpa é quando reflectimos no que podíamos ter feito diferente mas, geralmente, não podíamos.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Paixão é quando, apesar da palavra “perigo”, o desejo chega e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não... Amor é um exagero... também não.
Um dilúvio, uma insanidade, um desatino, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha  mesmo explicação.



O amor faz o ser humano ser capaz de superar os seus limites. Nós somos rápidos para exigir e lentos para compreender.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A parte mais difícil do final é ter de recomeçar.

Tu és o tempo que passa, o comboio que não espera e o cigarro que mata lentamente; és o vazio da minha cama que me suga a força, a ferida que arde impiedosamente e as lágrimas que já secaram. Tu és um problema sem solução, o receio que me mantém acordada e as dúvidas que pairam no ar que respiro; és a imprevisibilidade que magoa, a dura indiferença e o “até já” sufocante; és o labirinto onde me perco e me encontro da mesma forma, és o fogo que me consome e o quadro abstracto que me ilude.

És tudo o que não quero encontrar, tudo o que evito enfrentar e tudo do qual fujo a sete pés, mas, por outro lado, és tudo aquilo pelo qual anseio e desejo em segredo.

Juntando os pedaços sem ter por onde começar, a parte mais difícil do final é ter de recomeçar.

Está de volta ao início do recomeço. Na parte em que deseja as maiores felicidades, despede-se com um até sempre e parte sem nunca mais voltar ao mesmo lugar onde tudo começou.


p.s.: Aprendi com a Primavera; a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Tornas-te eternamente responsável por tudo aquilo que cativas" (O Principezinho)


“E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu educadamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
  Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um menino inteiramente igual a cem mil outros meninos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou à sua ideia:
- A minha vida é monótona. E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros fazem-me entrar debaixo da terra. O teu chamar-me-á para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado lembrar-me-á de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- Nós só conhecemos bem as coisas que cativamos, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens já não têm amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas.

-Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
-É preciso ser paciente, respondeu a raposa.Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei para o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.

-Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!"

Antoine de Saint-Exupéry
 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não tens saudades de ser livre e seguir o teu coração? Anda daí, vem sentar-te na lua comigo.

A vida é uma longa viagem, nunca sabemos até onde nos leva nem quando acaba, e a minha tem sido cheia de sonhos e de bons momentos.
Nunca sabemos para onde vamos. Nunca sabemos até onde podemos chegar, nunca conhecemos os nossos passos, mesmo quando pensamos que escolhemos os melhores caminhos.
Tu vens e vais como um pássaro, voas como quem anda, ficas como quem mora e, quando partes, nunca dizes adeus. Penso sempre que é a última vez, mas depois há uma força que te faz voltar, e a cada regresso trazes-me mais conforto, mais paz, mais sabedoria.
O que te faz voar até mim é um mistério que o mundo não consegue resolver.
Depois tu desligas, encolhes os ombros e vês no espelho o homem que pensas que és e não percebes como é que eu vejo outro homem em ti, apesar de todos os teus defeitos. Do que eu tenho mais saudades é de acordar e não pensar em nada.

Somos o avesso um do outro. Quando duvidas, paras, e eu sigo em frente. Quando tens medo, eu tenho vontade; quando sonhas, eu pego nos teus sonhos e torno-os realidade; quando te entristeces, fechas-te numa concha e eu não consigo chorar para o mundo; quando não sabes o que queres, esperas e eu escolho; quando alguém te empurra, tu foges e eu deixo-me ir.
Somos o avesso um do outro: iguais por fora, o contrário por dentro. Tu proteges-me, acalmas-me, ouves-me e ajudas-me a parar. Eu puxo por ti, sacudo-te e ajudo-te a avançar. Como duas metades teimosas, vivemos de costas voltadas um para o outro, eu sempre à espera que tu te vires e me abraces, e tu sempre à espera que a vida te traga um sinal, te aponte um caminho e escolha por ti o que não és capaz.
Ambos sabemos que tens medo de mim e medo de ser feliz. E ambos sabemos que, à tua maneira, me sabes acalmar, apesar de todas as desculpas inteligentes, de todos os medos, de todas as dúvidas.
Eu também tenho medo, mas não digo nada. Gosto de sorrir para a vida e pensar que tudo vai correr bem, mesmo quando os dias me trocam as voltas e chego à noite estoirada a casa, sem encontrar sentido às coisas.
Estás à vontade, a casa é tua, por dentro e por fora, cabeça, tronco e membros, carne e coração, tempo e alma.
Cuidas do meu coração melhor do que ninguém, mesmo sem o saberes.
Gosto de ti de uma forma que não consigo nem quero explicar.


Não tens saudades de ser livre e seguir o teu coração?
Anda daí, vem sentar-te na lua comigo.