Estás à procura da tua alma do outro lado do mundo, e eu tenho-a aqui adormecida nas mãos e não sei o que fazer dela, porque a tua alma perde-se em momentos com a minha e não consigo olhar para dentro da minha alma sem te ver lá. Os destinos vivem-se como uma outra vida e eu tento todos os dias - acredita, porque é mesmo verdade - olhar para os dias e enchê-los sem ti. Mas em vez disso, contemplo-os como se não fosse eu a vivê-los, enquanto tento aprender a conjugar em todos os tempos e modos o verbo aceitar. Aceitar que nada é eterno e tudo muda, que a vida é feita de momentos. O futuro é o tempo de um verbo que se aprendeu na escola; o passado é sempre conjugado no pretérito perfeito, não há imperativo nem condicional. A vida corre no presente, sem planos nem projectos a longo prazo. Amar alguém é deixa-lo partir, olhar o céu e ver na dança da lua um momento qualquer em que talvez volte, sem nada pedir nem nunca esperar... Dás-me a capacidade de ser eu própria, ao mesmo tempo que me roubas o medo.
A memória é isto: só nos lembramos do que foi bom. Esquece-se a dor, a tristeza, a perda e o sofrimento. Esquece-se quase tudo.
Porque é que não sabemos amar e deixar voar aqueles que amamos?
A espera é o tempo de deixar crescer aquilo que há-de ser.
Aqui, sinto-me protegida, tranquila, a salvo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
planetas