Cansou-se da solidão e ganhou medo da escuridão.
Sentou-se no seu banco de baloiço com os pés no céu e a alma na terra, entregue a um conjunto de folhas em branco, sem cor, sem verdade.
Riscou e voltou a riscar frases do vento. Rasgou e voltou a rasgar sentimentos imprudentes.
Estava silêncio, não havia ninguém por perto. Estava sozinha, mais uma vez sozinha e agarrada a memórias impossíveis de serem apagadas, agarrada ao calor do abraço que necessitava de prender a si própria.
Lembrou-se do Mundo dos Homens. Lembrou-se dos homens que deixam de ser homens nesse Mundo de desejos insólitos e de verdades incompletas.
Aprendeu que o Mundo nunca deixa de girar e nem sempre gira para o lado que queremos. Aprendeu que a falta que se sente de alguém não precisa de ser partilhada pela outra pessoa para se sentir melhor.
Um dia a caminhada termina mesmo. Um dia o Mundo continua a girar sem que nós estejamos nele. Um dia pode ser tarde de mais para ela voar de mãos dadas com o vento. Um dia já cá não estará.